Judas

Entre os doze apóstolos escolhidos por Jesus, Judas Iscariotes é, sem dúvida, o mais controverso. Não só por seu papel central na prisão de Jesus, mas também pelas muitas dúvidas que cercam sua origem, caráter e motivações.

Ele é identificado como “filho de Simão Iscariotes” (João 6:71), e esse sobrenome tem sido alvo de interpretações variadas entre estudiosos. Mas antes de analisarmos seu trágico desfecho, vamos entender melhor quem ele foi.

O que significa “Iscariotes”?

O termo “Iscariotes” pode ter três possíveis origens:

  1. Homem de Queriote – A hipótese mais aceita é que “Iscariotes” venha do hebraico ish Qeriyoth, ou seja, “homem de Queriote”, uma cidade mencionada em Josué 15:25, localizada na região de Judá. Se for verdade, isso faria de Judas o único dos apóstolos que não era da Galileia, o que já o tornava uma figura um pouco deslocada no grupo.

  2. Ligação com os Sicários – Outra possibilidade aponta que Judas tenha sido ligado aos sicarii, um grupo extremista judaico que praticava assassinatos de romanos e judeus colaboracionistas com pequenos punhais (daí o nome sicário). Isso daria ao seu nome o significado de “homem do punhal”, sugerindo um passado político radical.

  3. Apelido pejorativo – Alguns ainda sugerem que “Iscariotes” venha do aramaico sagar, significando “falso” ou “mentiroso”, um apelido adquirido depois dos acontecimentos que o tornaram infame.

O caráter de Judas em evidência

Desde o início, Jesus sabia quem o trairia (João 6:64). Judas fazia parte do círculo íntimo dos discípulos, via os milagres, ouvia os ensinos e até participava das missões, mas seu coração seguia por outro caminho.

A primeira manifestação pública do seu caráter foi durante a unção em Betânia (João 12:4-6). Quando Maria derramou um perfume caríssimo sobre Jesus, Judas questionou: “Por que não se vendeu este unguento por trezentos denários para dar aos pobres?” Mas o evangelho deixa claro: ele não se importava com os pobres, pois era ladrão e, como responsável pela bolsa de ofertas, roubava o que nela se lançava.

O Judas que traiu Jesus

Apesar de ter caminhado ao lado do Mestre, Judas se deixou consumir por ganância, frustração ou, talvez, por uma tentativa de forçar Jesus a se manifestar como um Messias político. Seja qual for a motivação, o fato é que ele vendeu seu Mestre por trinta moedas de prata (Mateus 26:14-16), e com um beijo, o entregou às autoridades (Lucas 22:48).

É um paradoxo trágico: o homem que convivia com o Príncipe da Paz, torna-se instrumento da sua prisão.

Lição ou condenação?

Após a traição, Judas sentiu remorso, mas não arrependimento transformador. Ele devolveu o dinheiro, mas não buscou perdão. Terminou sua vida sozinho, enforcado e lembrado para sempre como “o traidor”.

Judas é, para muitos, o símbolo do que pode acontecer com quem se aproxima do Reino sem transformação interior. Ele viu milagres, ouviu o próprio Cristo falar — mas nunca abriu de verdade seu coração.

Reflita

Estar perto de Jesus não é o mesmo que segui-lo de verdade. Preciso cuidar dos nossos passos para não nos perdemos na jornada da vida. Jesus que ser seu Mestre, mas é preciso estar aberto de verdade ao seu amor.